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Loucura...

Sinopse

A morte de Raul Vilar foi muito lamentada. Todos os jornais consagraram longos artigos ao grande escultor. Fazendo o seu elogio, escreveram-lhe a biografia, catalogaram-lhe as obras — entre as quais avulta esse admirável baixo-relevo «Amor» — e concordaram unanimemente em que o seu prematuro falecimento havia sido uma grave perda para a arte nacional. Depois, os anos decorreram. Hoje, poucos se lembrarão já do pobre Raul. É por isso mesmo que me decido a falar dele. Para o fazer, ninguém mais competente do que eu: fui o seu maior amigo, o seu único amigo. Que as minhas intenções não sejam desvirtuadas: este escrito tem por fim simplesmente pôr em evidência todos os elementos que possam servir de base para o estudo duma singularíssima psicologia; que possam tornar compreensível a incompreensível tragédia de uma alma, explicar um inexplicável suicídio. Devo ainda declarar que estas páginas visam também a desfazer as estúpidas fantasias que se propalaram sobre os motivos que teriam conduzido o jovem artista ao seu acto de desespero. Neste assunto, obscuro em extremo, farei o possível por ser claro. Ignoro se o conseguirei e — sem mais preâmbulos — vou começar.